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Atum em óleo é mais saudável do que atum em água?

20 Ago 2023 - 09:07
falso

Atum em óleo é mais saudável do que atum em água?

As conservas de peixes como o atum, a cavala e o bacalhau são opções práticas e versáteis, sobretudo quando há pouco tempo para cozinhar. Nesse sentido, em várias publicações partilhadas nas redes sociais defende-se que o atum em óleo é mais saudável do que o atum em água. 

Num destes posts defende-se que, quando se consome atum em água, “alguns metais pesados ficam retidos na gordura do peixe” e, por consequência, a pessoa ingere “parte dessas substâncias”.

Segundo outra publicação, isto, supostamente, não acontece com o óleo. “Como esses metais são lipofílicos, ou seja, possuem afinidade por gordura, eles são atraídos para o óleo da conserva do atum e, por isso, reduz a contaminação no próprio peixe”.

Além disso, alega-se que, apesar de o atum em óleo possuir mais calorias, tem “mais ómega-3 e vitamina D”. Mas é verdade que o atum em óleo é mais saudável? E o atum em água (também conhecido como atum ao natural) tem mais metais pesados?

É mais saudável consumir atum em óleo do que atum em água?

A resposta é não. Quem o adianta ao Viral é Rita Sousa Santos, nutricionista e professora no Instituto Universitário de Ciências da Saúde (IUCS) da CESPU. 

“Do ponto de vista nutricional, o atum em óleo vegetal ou em azeite tem maior quantidade de gordura em comparação com o atum ao natural, tendo por isso também um maior valor energético associado”, começa por explicar. 

Assim, “em casos em que poderá ser necessário um controlo da ingestão de gordura, nomeadamente em casos de restrição energética”, exemplifica, “o atum ao natural poderá ser uma melhor opção”.

Além disso, ao contrário do que se alega numa das publicações partilhadas, “alguns ácidos gordos ómega-3 presentes no atum podem ser perdidos quando o atum em óleo/azeite é escorrido”, acrescenta.

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Portanto, conclui a professora do IUCS, “o atum enlatado em óleo poderá ser apenas vantajoso em casos em que se pretende aumentar o aporte de gordura da alimentação – quando o aporte de outras fontes como azeite ou óleos vegetais utilizados para confeção e tempero não é suficiente”.

É verdade que o óleo impede a passagem de metais pesados para o peixe? 

Tal como explica Rita Sousa Santos, “o meio de conserva em si não tem influência no teor de metilmercúrio presente no peixe”. 

Segundo a nutricionista, o metilmercúrio “deriva da alimentação do animal e é acumulado no seu tecido muscular”. Por isso, “espécies que se encontram numa hierarquia mais alta da cadeia alimentar apresentam maior quantidade destes metais pesados”, acrescenta.

No que diz respeito aos enlatados, “o seu processamento e conservação (no caso do atum existe uma pré-confeção) impedem a oxidação desses ácidos gordos”, clarifica.

Por outro lado, é necessário ter em conta que o atum enlatado “pode ser constituído por uma ou várias espécies de atum misturadas”. 

Assim sendo, dependendo da espécie de atum, “em casos de populações mais sensíveis (grávidas, lactantes e crianças) o seu consumo poderá ser restringido”. 

Em termos gerais, “o atum gaiado (ou bonito) é um tipo de atum mais pequeno, por isso, é um alimento que apresenta menor teor de metais pesados”, sendo “mais seguro do ponto de vista do seu consumo, mesmo em populações sensíveis”.

Claro que, muitas vezes, “a espécie de atum não se encontra descrita na embalagem”. 

Mas o metilmercúrio é prejudicial à saúde? Sim, “é altamente tóxico, nomeadamente para o sistema nervoso, e acredita-se que o cérebro em desenvolvimento seja o órgão-alvo mais sensível à toxicidade”, adianta a professora.

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Por esse motivo, a Autoridade Europeia para a Segurança Alimentar (EFSA) definiu como limite máximo tolerável de metilmercúrio semanal de 1.3 µg/kg peso corporal

Porque é que a melhor opção é o atum em água?

Na perspetiva de Rita Sousa Santos, “a melhor opção é, na maioria dos casos, o atum ao natural”. Depois, “o atum enlatado em água é uma excelente opção do ponto de vista nutricional”.

Por um lado, “apresenta um baixo teor de gordura e é fonte de ácidos gordos ómega-3 e outros nutrientes importantes como vitamina B12, ferro, iodo e selénio”, salienta. 

Além disso, escorrer atum em água não apresenta desvantagens “pois a água e o óleo são imiscíveis, pelo que não é possível perder alguma da gordura do atum no processo”. 

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Pelo contrário, aponta, “a maior desvantagem do atum enlatado é o seu elevado teor em sal, que diminui se o produto for escorrido”. 

Outra vantagem é “ser uma opção  bastante interessante do ponto de vista económico”.  

Em relação aos “metais pesados que podem ser encontrados no peixe dependem essencialmente da espécie escolhida”, lembra.

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20 Ago 2023 - 09:07

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